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  • Lucas Resende Toso

As maiores surpresas do novo BIG Festival

Atualizado: 7 de jul. de 2023

Jogos brasileiros foram destaque na edição de 2023 do BIG Festival


Dada uma semana exatamente do primeiro dia oficial do BIG e usando esse título caça-clique, bora falar do que realmente importa: joguinhos brasileiros. A feira tinha coisas como Roadout, Neve, MARS 2120, I Did Not Buy This Ticket e Moth Kubit, que eu já cobri por aqui e nas redes algumas vezes, ou também Udo, Gaúcho and the Grasslands e Nowhere Manor, que eu já conhecia antes, então vou citar dez projetos não tão conhecidos que chamaram muito a minha atenção.


Ao mesmo tempo também vou linkar também as sequências lá do Twitter com tudo que eu consegui jogar nos quatro dias de evento, assim ninguém tem desculpa pra não colocar esse monte de belezura nas lista de desejos da Steam ou seguir nas redes e no Itchio cada um desses estúdios brasileiros.

E pra quem sente falta do BIG aconchegante do Centro Cultural, vamo aí de Firma Fest, de Perifacon, outros eventos menores e PRINCIPALMENTE os eventos de regionais. A Amagames promove mensalmente o MAGE com mostras dos jogos feitos lá no Maranhão. A Ascende faz o FIND e movimenta a cena cearense. Também teve Mostra BRING no Distrito Federal. Olhem pras regionais, conheçam as regionais. Elas são o “novo BIG”, os novos eventos de indies pra indies, os espaços pra conversar, conhecer desenvolvedores que tão começando e exaltar jogos brasileiros. O BIG tá em São Paulo, sabe? Foda-se São Paulo igual foda-se o twitter e foda-se derivados de ovo também. Vamos pros outros espaços, vamos criar novos eventos, vamos organizar mostras e feiras itinerantes. E por favor, você, herdeiro mecenas com consciência de classe, bora patrocinar a Firma Game Dev pra eles poderem fazer o Firma Tour Brasil. Socializar os meios e falar de jogo nacional, bora lá.

Entrar no Panorama Brasil e já dar de cara com Red Tape foi um prazer estético e mecânico. A Pollaris meteu-lhe um anjo biblicamente correto pra subir e descer escada no inferno assinando papelada, xerocando documento e pegando fila pra ter sua procuração liberada. Um jogo narrativo pra você tentar limpar seu nome na burocracia literalmente infernal do Inferno ao longo de nove andares de pura repartição caótica e liderada por figuras como Narciso, Cleópatra e Aristóteles. Tudo isso com um visual tipo colagem que vai te lembrar a revista MAD se você tiver 30 anos, de Monty Python se você for cult ou de Hell Cab se você for um gamer dos anos 90. O jogo já foi lançado e tá na Steam por menos de vinte janjos.


Logo do ladinho de Red Tape rolou outra experiência crocante. Eu já conhecia The Last Grape, mas poder conversar com o Max e a Iris agregou ainda mais na opinião sobre o jogo. Aqui você é uma uva samurai, na verdade você é A ÚLTIMA uva samurai em busca de vingança pela morte de seu mestre. E pra isso nada melhor do que sair rolando por aí emendando combos de espada pra fatiar todos os vilões leguminosos e extremamente engraçados. The Last Grape é um plataforma de precisão, mas também é um plataforma de estilo em que você consegue passar duma fase sem praticamente encostar no chão, só fatiando os brócolis e beringelos assassinos da sua frente. Velocidade no talo e alto nível de satisfação em cada nível, com aquele fator serotonina estralando.


Eu tenho um caso de amor e necessidade por dashs em jogos, seja ele de qual gênero for. HOLYHUNT tem o dash como mecânica principal no meio do caos de um shooter top-down de arena com visual retrô 8-bit e mecânicas de upgrade estilo roguelike. O jogo tem salas simples e uma horda quase ininterrupta de monstros demoníacos voando em cima de você. O diferencial é que acertar os inimigos com o dash (um socão sagrado estiloso) recarrega sua munição e cria um ciclo de movimentação constante muito satisfatório, além do ciclo macro de entendimento de cada monstruosidade e de qual tipo de bala funciona melhor contra elas. HOLYHUNT é rápido, estiloso e sacaninha, um jogo muito feito pro meu gosto.


Ter o senso de humor imbecil é dar risada de piadas escatológicas e sons de peido. Eu tenho e ri muito testando So Fart Away. O jogo mistura a mecânica de sokoban (empurrar coisas pra resolver puzzles) com o fato do protagonista ter problemas gastrointestinais e sofrer com bufas mortais ao comer comidas picantes. O que é um problema, visto que ele é sommelier em uma empresa de tacos, burritos e outros tipos de comida. So Fart Away brinca com os espaços pequenos e a possibilidade de assassinar colegas de trabalho, estragar comidas frescas ou destruir flores e vasos com a força de seus puns. Tudo isso com uma curadoria especial de áudios pra cada peido e uma animação sensacional do avantajado glúteo do nosso sofrido herói.



A Wondernaut fez a boa e levou um jogo inédito e totalmente não anunciado pro chão do BIG. Iron Hive é um city builder misturado com deck builder misturado com Spiritfarer e visuais como se Gris fosse feito por um estúdio DieselSteampunk. Muita informação, né? Mas garanto que tudo isso funciona. Você precisa usar seu baralho contendo construções, trabalhadores e suprimentos pra ir construindo uma cidade quase totalmente vertical (tipo em Spiritfarer). Em cada rodada você vai aperfeiçoando suas construções até o ponto de realizar expedições com seus bonecos pra ganhar mais cartas e evoluir cada vez mais seu domínio. Mesmo numa build super inicial, o jogo já funciona muito bem e promete muitas horas pros fãs de gerenciamento, estratégia e gráficos lindíssimos com uma pitadinha de engrenagens, sujeira e construções complexas.


Um dos queridinhos do Panorama Brasil, Bloodrush fez fila pra tentar matar o boss vampirão sensuelen. Eu não consegui, mas achei bonitão e gostei de tudo que joguei ali. Um hack n slash honesto com porradaria franca pra quem gosta de ignorar inimigos e só bater, mas também com estratégia se você for um jogador construído na seriedade. O jogo tem um visu pesadão de dark fantasy e foco total em mobilidade, sendo muito rápido e ágil e feito pra você ir emendando combos e porradões de curta e longa distância. Como se Hyper Light Drifter tivesse usado drogas diferentes e ido parar no meio das Terras Intermédias ou no Inferno ou em algum Castelo do Drácula.


O jogo de melhor nome do BIG (seguido por Bó Cócó Zinhá por uma margem mínima). Cheguei Louco no Trabalho é uma aventura roguelike eterna em que um trabalhador exausto precisa enfrentar os equipamentos de escritório com seu próprio dinheiro pra não ser moído pela empresa. Contratos duvidosos que te ajudam, mas te atrapalham, muito café direto na veia e papelada pra resolver dão o tom desse inferno empresarial extremamente gostosinho de jogar e com visual bacanudo. E além do CLT, a Onirico Studios também levou o Matiz, um jogo esteticamente lindo, tipo um Cult of the Lamb 2D e mais rascunhado, e com uma proposta interessante envolvendo vilões cinzas, poderes coloridos e um pássaro guerreiro que precisa arrumar tudo isso. Apesar de estar numa versão bem inicial e precisar de uns tapas mecânicos e de animação, o jogo promete demais e tem um teto muito alto de potencial.


Foi uma surpresa excelente conhecer o Carlos ali no chão do BIG. Pô, não é todo dia que a gente troca ideia com um dos cabeças por trás de Huni Kuin e o próprio desenvolvedor de Super Patriota Simulator, sabe? Além de pessoa incrivelmente fofa e dev talentosíssimo, o cara é todo comuna parceiro das filosofia e de papo bom. Nessa pegada ele levou pro BIG o The Stone Cutter, aventura narrativa imersiva com elementos interativos e vários puzzles sobre um trabalhador explorado que acaba ascendendo a uma posição de prestígio praticamente sem querer e começa a questionar suas escolhas e, principalmente, as estruturas do mundo. Um jogo que parece ter saído direto de um pergaminho oriental estilizadíssimo e pronto pra te quebrar no meio.


Escondido lá no fundo da área business, que no sábado e domingo foi aberta pra todo mundo, rolou o pico da Adesampa com quatro jogos interessantíssimos. Um deles foi o Dan: Guerreire do Arco Íris, da Dogmel Games. O jogo ainda é um protótipo, mas já anima: um beat em up com uma protagonista agênere desce a porrada em moleques escrotos que fazem bullying e patriotas vikings de Osasco que atacam com fake news do zap. Mas o principal de Dan é sua narrativa, que coloca esse menine prete em contato consigo mesmo e com seus orixás. Dan passa por romances, ação, robôs gigantes e descobrimentos sobre a cultura yorubá e afro-brasileira guiado pelo espírito do Mestre Besouro através de poderes e fases diferentes pra cada cor do arco-íris. Com mais tempo de desenvolvimento e polimento, Dan tem tudo pra ser uma jornada profunda e intimista sobre temas extremamente necessários. Vamos acompanhar!


Surpreendentemente outro sokoban aparece nessa lista. Beeps literalmente coloca uma camada a mais de complexidade nesse gênero ao criar um mundo invertido interligado pra resolução dos puzzles. O jogo mobile com visual retrô é divertido, bonitinho e desafiador, como se você controlasse um amiguinho do Wall-E empurrando caixinhas pra descobrir segredos. Mas o que mais chamou minha atenção foi o jogo que a Starling Team não levou pro BIG: Cook Friends. Pode parecer mais um Overcooked, mas aqui você também tem que fazer a entrega e, SIM, dar grau na moto faz você ir mais rápido - o que é essencial pra entregar tudo na hora certa mesmo que a pizza acabe virando um grande bolo amorfo. Quero muito poder estragar entregas e correr de moto quebrando retrovisor por aí, obrigado Starling Team.

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