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Lucas Resende Toso

Karma City Police: misturando JRPG, pinball e sucateamento de serviços públicos

Atualizado: 10 de ago. de 2022

Eu nunca fui o melhor jogador de Pinball da rua e com certeza compartilho do sentimento de impotência de todo o mundo quando a bolinha vem direto entre as palhetas e você simplesmente é derrotado pela física. Em Karma City Police não tive esse problema. Me dei bem com o pinball do jogo e consegui não perder uma partida, pra certa surpresa do desenvolvedor Caio Paifer.

Também nunca fui um jogador muito assíduo de simuladores de conversa, mas mergulhei de cabeça atendendo aos chamados do 190 desse protótipo de “Loucademia de Polícia encontra The Office num episódio escatológico de South Park”.

O único elemento de Karma City a que eu estou mais acostumado é o de JRPG. Aqui eu me encontrei facilmente, conversando com cada alma viva que enchia a delegacia, coletando todos os recursos extras possíveis e sempre checando toda e qualquer sala após todas as cenas e eventos que aconteciam.


Sim, Karma City Police é um simulador de 190 com exploração de JRPG e combates em pinball. E, sim, essa mistura funciona extremamente bem. E funciona porque o jogo é muito bem temperado com uma pitada desse humor imbecil dos já citados The Office e South Park. Caio, inclusive, assina seu jogo de estreia como Meca Games - lê-se “me cagueimes”, no intuito de “se cagar” mesmo - nome vindo da sua primeira vontade enquanto desenvolvedor: fazer jogos hipercasuais e “bobos”, baseados na cultura dos memes e do shitposts. Não deu certo, mas o nome ficou (por enquanto).

Esse humor está presente no seu "arquirrival" de delegacia, um burocrata invejoso que perde sua mesa e precisa trabalhar direto do banheiro; no Prefeito Bonner, político imbecil que proíbe beijos públicos ou outras questões bizarras; na mijada coletiva que acontece na recepção da delegacia como protesto e outras questões. Mas nunca está presente no atendimento das ligações, o 190 sempre se mantém sério e é uma espécie de condutor da gameplay.


A história do jogo acontece nos intervalos dessas ligações. Nos metemos em uma trama de investigação e traição, sucateamento do serviço público pra benefício de uma corporação, rinhas ilegais com presos e muitas mortes violentas. E alguns finais diferentes de acordo com certas escolhas que você pode fazer ao longo do jogo.


No fio condutor da gameplay, as ligações, você pode fazer três perguntas simples para o chamado e então decide se deve ou não mandar um policial para cuidar do caso, se esse policial deve ir armado ou não e quantas viaturas deve mandar. Aqui você precisa “ler” as emoções e reações dos chamados e analisar a melhor opção - que muitas vezes não existe, já que as verbas da delegacia diminuem gradativamente e você se vê obrigado a priorizar um caso sobre o outro, falhando inevitavelmente e deixando algumas pessoas morrerem ou a merda escalar de outras formas. Você eventualmente pode ser vítima de trotes também.

E, claro, entre tudo isso você ainda tem a chance de descer a porrada nos seus inimigos em um sistema de batalha baseado em pinball. Bolas múltiplas, vidas extras e especiais que aumentam seu dano podem ser utilizados em itens como um cafézinho da firma ou aquele energético duvidoso que tava mofando na geladeira da delegacia.


Videomaker e músico de profissão, Caio via Karma City no começo como um projeto paralelo, mas a pandemia e a impossibilidade de continuar trabalhando com audiovisual e eventos fez com que o jogo tomasse proporções muito maiores de tamanho, mas também de importância. O foco agora vai ser projetos menores, com um já bem definido: um derivado de Karma City em que você é o assessor do Prefeito Bonner e precisa lidar com as redes de propina do político.


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