Carta aberta de desenvolvedores pede mudanças na gamescom latam (de novo)
- Lucas Toso
- há 20 horas
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Atualizado: há 8 horas
O documento escrito de forma coletiva já foi apoiado por mais de 200 assinaturas de desenvolvedores brasileiros
Um movimento coletivo formado por desenvolvedores de jogos escreveu uma carta aberta pedindo à gamescom latam "mais valorização para os jogos e criadores independentes brasileiros".
O documento aborda questões que vão de ajuda de custo para transporte e vouchers para alimentação, até maior segurança no pavilhão e coisas básicas como remuneração para palestrantes ou mesmo uma sala de descanso para os devs que trabalham expondo seus jogos das 09h às 21h durante cinco dias seguidos.
"O Brasil vem se mostrando cada vez mais um polo de jogos independentes incrÃveis, reconhecidos em todo mundo. Por meio desta carta, apresentamos argumentos que demonstram como o incentivo ao desenvolvimento de jogos e a valorização do desenvolvedores de jogos brasileiros é benéfica para todos, incluindo ao próprio evento e seu público" - trecho da carta do Coletivo Game Devs Unidos - GDU.
Além de apresentar melhorias sugeridas pelos desenvolvedores, a carta também compara o tratamento da gamescom latam (um dos maiores eventos de jogos do mundo) com o de eventos menores, que conseguem garantir mais apoio e estrutura para os expositores.
Até o momento, mais de 200 desenvolvedores brasileiros já assinaram a carta - que ainda não havia sido divulgada publicamente. A lista inclui nomes conhecidos como Amora (Celeste), Glauber Kotaki (Vampire Survivors), Carla Gabriela (a Cabie, de Bem Feito Joguinho) e Thais Weiller (Blazing Chrome). O jornalista e youtuber estadunidense Jacob Geller também mostrou apoio aos devs brasileiros assinando a carta - Geller esteve na gamescom latam desse ano e exaltou o Panorama Brasil em seu vÃdeo.

Ambiente "estranho" pós-gamescom latam
A gamescom latam 2025 foi a maior edição do mega-evento até hoje, tendo 30% mais visitantes do que no ano passado, além de milhões de reais investidos e outros milhões movimentados em negociações comerciais. E mesmo assim ainda parece um absurdo desenvolvedores brasileiros pedirem melhorias pra ficar 12 horas em pé trabalhando (de graça) pra gerar conteúdo pro evento.
Pouco antes do evento no começo de maio, inclusive, a desenvolvedora brasileira Tiani Pixel (de Unsighted e Abyss x Zero), divulgou gratuitamente uma palestra que faria na gamescom, mas acabou desistindo depois que a organização se recusou a custear seu transporte até o pavilhão (ela é de Santo André, cidade da Região Metropolitana de São Paulo).
E logo após a feira, uma extensa e necessária reportagem do Voxel denunciou esse e outros descasos da gamescom em relação aos desenvolvedores brasileiros, a segurança do pavilhão (um desenvolvedor teve seu tablet roubado no Panorama Brasil) e condições de trabalho no evento - envolvendo multas pra quem deixasse seu espaço vazio, armários com preços exorbitantes pra guardar equipamentos, entre outras questões.
Tiani, inclusive, sofreu ataques nas redes sociais - muitos desses de contas recém-criadas e em padrões estranhamente similares.Â
Vale mencionar que gamescom latam é um evento milionário, "filha" da Omelete Company, talvez a maior "famÃlia" de eventos de cultura pop do Brasil, por trás também de CCXP e Anime Friends (e provavelmente mais alguns).
E porque usei "de novo" no tÃtulo?!
Se a gente ganhasse um real pra cada vez que os desenvolvedores brasileiros fizeram uma carta aberta pedindo mudanças estruturais ao BIG Festival, a gente teria DOIS REAIS - o que não é muito, mas é curioso.
Em 2018, um coletivo de criadores também se posicionou contra diversos problemas da organização do então BIG Festival, principalmente na falta de transparência das seleções de jogos e palestras e na falta de valorização das produções brasileiras.
A carta chegou a ser escrita e editada por mais de 50 pessoas ao mesmo tempo, além de ter reunido assinatura de mais de 300 desenvolvedores brasileiros e estrangeiros à época.